quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011


Ela correu pela cidade a procura de sossego.
Queria promover o desapego.
Até mesmo seu urso de pelúcia ela recusou.
Então parou e cruzou os braços e, num ato inesperado e talvez de puro desespero, começou a chorar sem
pressa alguma.
Viu sua vida toda de trás pra frente.
Viu sua vida desmoronando, sem sentido algum.
Ouviu gargalhadas de uma criança, que pareciam sair de dentro dela. Lembrou-se então como era não ter
preocupações e ser importante e necessária para alguém.

Quando viu, estava andando, vagando por aí.
Carregava junto ao peito um saco cheio de tristezas e desencontros que pela vida teve.
Temeu jogá-los fora, pois sabia que um dia os veria novamente!

Tinha medo de que tudo isso não tivesse fim.
Medo de que o "Nunca mais" realmente existisse e de que as palavras desastrosas que "ele" um dia lhe disse fossem verdade. Ou de que o amor que um dia ele sentiu por ela não voltasse para incomodá-lo, e ele nunca mais lembrasse dela.
Sentou-se em um banco de praça. Não queria mais nada, não queria mais existir e era tão simples. Não mais
existir. Ou nunca ter existido, para não ter que se ir um dia.

Não se achava feliz, nem infeliz. E era morna, completamente morna. E era meio termo em tudo.
E quando o inverno chegou, não teve mais onde se abrigar.
Não corria mais, pois não fazia sentido. Pra quê?
Sentou-se no chão e esperou que a vida acontecesse então.

Perdeu-se dentro de si.

ttttana B.G.

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